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Fato inédito, desmatamento na Amazônia cresce mesmo com recessão econômica
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Gustavo Faleiros

Agente do Ibama em fiscalização de madeireiras em Paragominas, Pará. Foto: Ibama/divulgação

Agente do Ibama em fiscalização de madeireiras em Paragominas, Pará. Foto: Ibama/divulgação

Na coletiva de imprensa que convocou depois do fim do expediente (às 18h30 desta quinta dia 26) para anunciar a taxa anual de desmatamento da Amazônia, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, confessou aos repórteres que estava surpresa com o resultado que apresentava.

De acordo com os dados apurados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o corte raso de florestas nos estados amazônicos aumentou 16% entre agosto de 2014 e julho de 2015. O total de florestas suprimidas é de 5831 km2 contra 5012 km2 no biênio 2013-2014. A área destruída equivale aproximadamente a 5 cidades do tamanho de São Paulo.

É difícil, entretanto, acreditar na surpresa expressa pela ministra. O incremento do desmate na Amazônia era esperado, afinal os alertas mensais de desmatamento – mensurados pelo sistema DETER – cresceram 68% em 2015. A taxa anual constatou o que já havia sido apontado: a volta da derrubada de grandes áreas, acima de 1000 hectares, o retorno do Mato Grosso como principal estado desmatador e o avanço rápido da fronteira de destruição no sul do Amazonas.

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Maior em 6 anos, número de alertas de desmatamento cresce 68% em 2015
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InfoAmazonia

Por Stefano Wrobleski

O ano acaba de terminar para o calendário da contagem do desmatamento na Amazônia. De acordo com dados do próprio governo, o número de alertas de desflorestamento é 68% maior nos últimos 12 meses – entre agosto de 2014 e julho de 2015, comparados ao período anterior. Foram destruídos 5.121km² de florestas, ante 3.036km² devastados de agosto de 2013 a julho de 2014. É o maior desmatamento verificado pelo Deter nos últimos seis anos. A área equivale a aproximadamente a 3,5 vezes o tamanho do município de São Paulo (1.522 km²).

Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (31) e obtidos através do Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real, o Deter, que é mantido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Os alertas de desmatamento do Deter para a Amazônia Legal mantiveram a tendência verificada por este blog até abril de 2015, quando já somavam 90% da contagem total de 2014. Naquele momento, a temporada do desmatamento nem havia começado: quase metade (46%) de todo o desmatamento detectado nos 12 últimos pelo Deter esteve concentrado entre maio de julho de 2015. O período de seca na Amazônia e a entressafra da soja são parte da explicação.

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Contagem de 2015 já tem 90% do desmatamento de 2014 na Amazônia
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InfoAmazonia

por Stefano Wrobleski

A depender dos dados divulgados na última quinta-feira (28) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o ano-calendário de medição do desmatamento da Amazônia Legal de 2015 deve bater 2014 em áreas devastadas da floresta. Este ano – que teve início em agosto de 2014 e vai até julho de 2015 – já conta com 2765 km² em áreas apontadas pelos alertas de desmatamento do Deter, o Sistema de Detecção em Tempo Real de Alteração na Cobertura Florestal do Inpe. O número representa 90% dos 3036 km² de alertas verificados entre agosto de 2013 e julho de 2014.

Com a entressafra da soja se aproximando e a chegada do inverno (um período com baixa intensidade de chuvas) na maior parte da Amazônia Legal, a tendência é que os dados consolidados para 2015 mostrem um aumento do desmatamento em relação ao ano anterior, já que os meses de maio a julho costumam ser um período crítico para o corte raso. Para se ter uma ideia, metade da área de 3036 km² em alertas de desmatamento verificada pelo Deter entre agosto de 2013 e julho de 2014 ocorreu no período de maio a julho.

Os dados do Deter, no entanto, devem ser vistos como tendência, já que só detectam supressões de floresta em áreas com mais de 25 hectares (ou 0,25km²) e são limitados pela cobertura de nuvens, que dificultam a observação. Em março deste ano, por exemplo, 70% da Amazônia estava coberta quando o satélite do sistema sobrevoou sobre o bioma. Por conta destas limitações, desde 2005, foram duas as ocasiões em que os números de alertas do Deter subiram enquanto a taxa do Prodes – um balanço de desmatamento mais preciso que é publicado anualmente – sofreu redução em relação ao ano anterior.

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Infoamazônia atualiza mapa de alertas oficiais de desmatamento
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InfoAmazonia

por Stefano Wrobleski

O Infoamazonia atualizou, na última sexta-feira (20), o mapa de alertas de desmatamentos do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Com os novos dados, o mapa agora inclui os polígonos de desmatamento detectados até outubro de 2014. A divulgação segue o novo cronograma determinado em novembro pelo INPE. Os dados mostram um aumento de 65% em 2014 na área total dos alertas de desmatamento, em comparação com 2013. 442


A boa notícia na manga de Dilma: desmatamento cai 18% em 2014
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Gustavo Faleiros

Realmente surpreende a taxa oficial de desmatamento na Amazônia divulgada nesta tarde de quarta (26) em Brasília pela ministra do Meio Ambiente, Izabela Teixeira. O total de áreas desflorestadas com corte raso, medidas pelo Programa de Monitoramento da Amazônia por Satélites (PRODES), apresentou uma queda de 17,7% entre agosto de 2013 e julho de 2014 em comparação com o mesmo período anterior.

A notícia já havia sido adiantada durante as eleições pela presidente Dilma que, em resposta às críticas ao crescimento de 29% em 2013, afirmou que haveria queda neste ano.

Twiiter de Dilma no dia 19 outubro adiantou que haveria queda na divugação em novembro. Foto: Twtter/reprodução

No total, foram desmatados 4848 quilômetros quadrados (km2) contra 5891 km2 no ano passado. Esta é a segunda menor taxa desde o início da medição em 1988, acima apenas daquela divulgada no biênio 2011-2012, 4571 km2.

Veja série histórica abaixo:

Os dados, embora ainda passíveis de revisão pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), saem a poucos dias do início da Cúpula da ONU sobre Mudanças Climática – a COP20, que ocorrerá em Lima.

Ali, o Brasil poderá continuar argumentando que, ao evitar o desmatamento, é um dos países que mais contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa.

A surpresa aos números oficiais do desmatamento se deve à tendência de aumento no número de alertas de desmatamento, tanto aqueles medidos pelo governo – através do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) – como os da ONG Imazon – calculados pelo Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD).

Muitos analistas ao observarem o aumento de cerca de 9% em ambos sistemas de alertas entre os meses de agosto de 2013 e julho de 2014, apostaram que haveria uma elevação na taxa oficial de desmatamento pelo segundo ano consecutivo.

Este blog, por exemplo, em post anterior arriscou um palpite de elevação de entre 7% e 8% utilizando a diferença média entre o Prodes e o Deter desde 2005. Erramos.

Tentando entender a razão, enviamos um email ao pesquisador Dalton Valeriano, do INPE, que nos respondeu com a seguinte explicação:

“O Deter geralmente tem a magnitude de taxa mais alta do que o Prodes e quando a magnitude é alta, digamos maior que 20%, o Deter prediz corretamente o sinal da taxa do Prodes. Ele errou em um ano quando sua magnitude foi de 17% de aumento e o Prodes deu diminuição. No ano de 2014, o Deter teve uma taxa de 9% de aumento, valor perigosamente baixo para predizer uma tendência do Prodes.”

O que Valeriano elucida pode ser visto no gráfico abaixo: os únicos anos em que o Deter subiu enquanto o Prodes caiu foram os 2011 e, agora, 2014.

Ou seja, reforça o argumento do governo de que os alertas de desmatamento nem sempre devem ser lidos como tendência.

A presidente Dilma não blefou quando antecipou a queda, pois, além da informação do INPE, sabia que o Ibama acelera a fiscalização nas principais áreas de pressão – BR 163 no Pará e Mato Grosso. A eficácia dos fiscais foi o fator mais destacado pela ministra hoje na coletiva de imprensa.

“Houve muita fiscalização – cada vez mais intensa e melhor”, analisa o pesquisador senior do Imazon Beto Veríssimo. No entanto, ele faz a ressalva:

“Essa queda é em relação a 2012-2013 quando o desmatamento total pelo Prodes foi cerca de 5,8 mil km2, mas é bom lembrar que ainda estamos acima do desmatamento 2011-2012 que foi cerca de 4,5 mil km2. Portanto, ainda não conseguimos reverter a taxa ao que havíamos obtido 2011-2012”.

A questão que fica diz respeito já sobre a nova temporada de contagem do desmatamento. O goveno não divulgou ainda os dados do Deter de agosto a outubro. Mas o Imazon sim.

“Os dados do SAD que mostram aumento de 226% se referem ao período de agosto -outubro 2014 e, portanto, nova estação de desmatamento. Os dados do Prodes divulgados são retrovisor”, pondera Beto Veríssimo.

Os dados do governo e do Imazon podem ser comparados no mapa abaixo


Culpando “criminosos”, IBAMA oficializa restrição a dados do desmatamento
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Gustavo Faleiros

Zanardi, presidente do Ibama, explica as mudanças na divulgação de dados, ao lado diretor do Inpe, Leonel Perondi (em primeiro plano) . Foto: Ibama/divulgação

Nada nem ninguém conseguiu ainda explicar o que se passou na última sexta-feira (7) à tarde em Brasília. O presidente do IBAMA e o diretor do INPE convocaram a imprensa para oficialmente anunciarem a mudança no calendário de divulgação dos dados do sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (DETER) e justificaram a decisão dizendo que, ao reduzirem o acesso à informação, dificultam a vida dos “criminosos” na Amazônia.

“Para impedir a utilização das informações georreferenciadas pelos desmatadores um protocolo específico de divulgação das informações foi estabelecido entre Ibama e INPE. Assim, os criminosos não conseguirão saber onde estão situados os possíveis focos de desmatamento identificados pelo sistema. “E os fiscais que atuam na ponta também estarão mais protegidos”, explicou o presidente do Ibama, Volney Zanardi Júnior, em notícia publicada pelo órgão em sua na página na internet.

Se lido ao pé da letra, o trecho acima não faz o menor sentido. Os criminosos “não conseguirão saber” onde estão os focos de desmatamento? Mas eles já sabem onde estão. Eles mesmo são os focos! Estão ali, cortando, derrubando, queimando, grilando, passando o correntão etc etc etc .

É como se a polícia de São Paulo deixasse de publicar os dados de homicídio, furtos e roubos explicando que essa informação, se disponível ao público, facilitaria o trabalho dos bandidos. Ou se o Banco Central deixasse de divulgar os dados de inflação e juros com temor que isso poderia beneficiar os agiotas na praça.

Não há outra forma de classificar essa decisão: retrocesso. Um grande retrocesso. O Brasil estava na frente ao criar e disponibilizar um sistema de alerta de desmatamento baseados em imagens de satélites diárias.

O DETER servia como um termômetro do desmatamento. Se ele apontava para cima, a taxa oficial – medida pelo Projeto de Monitoramento da Floresta Amazônica por Satélites – PRODES, geralmente divulgada no fim do ano, confirmava a tendência. O DETER era um instrumento de transparência, assim como são outros indicadores – a inflação, a produção industrial, o emprego.

Na coletiva de imprensa da última sexta, porém, o diretor do INPE, Leonel Fernando Perondi, deixou claro: “Os números do Deter são alertas e não se relacionam com a taxa anual de desmatamento do Prodes”.

Não se relacionam? Vejam as duas linhas abaixo. As linhas têm correlação clara de julho de 2005 até julho de 2014 (último mês em que os dados foram divulgados). Notem que incluimos uma projeção de aumento para o PRODES em 2014.

Comparando ano a ano, é possível calcular que a média de diferença percentual entre o DETER e o PRODES é de 47,8%.  Ou seja, este último registra uma quantidade de áreas desmatadas de fato maior que o primeiro, mas essa diferença tem sido razoalvemente estável ao longo dos anos. A tomar como base os ciclos bianuais do desmatamento, ou seja 12 meses contados a partir de agosto de cada ano, vimos que em 2013/2014, o aumento de 9,8% no DETER comparados ao mesmo período anterior, ou total de 3035 km2. Se o padrão se mantiver, haverá aumento na taxa oficial de desmatamento, elevando de 5891 Km2 para 6349 km2, ou seja  7,7% de elevação.

Daqui para frente

Agora, ao invés da divulgação mensal dos dados como ocorria desde 2008, a publicação ocorrerá apenas em meses selecionados: fevereiro, maio, agosto e novembro.

Em teoria, ao não encontrarem mais os dados, os madeireros, grileiros, roceiros, pecuaristas e outros potenciais desmatadores serão pegos de surpresa, autuados e multados pela equipe de fiscalização do Ibama. Pode-se supor então que a intenção é impedir que os criminosos saibam que o governo está sabendo.

Mas será mesmo que o problema é o acesso à informação por cidadãos mal intencionados? Os últimos dados do Deter se referem a julho deste ano e já apontavam uma tendência de alta no início do período seco na Amazônia, quando as derrubadas normalmente se aceleram. O silêncio desde então não impediu uma alta de 122% no total de hectares derrubados em agosto e setembro, segundo números vazados à Folha de S. Paulo (que aliás continuam ocultos ao público).

Se a fiscalização do Ibama autuou ou embargou áreas neste período, também não é possível saber. Pois desde 2012 o órgão parou de divulgar na internet o balanço destes dois itens. Outro detalhe, relatórios gerenciais que eram publicados com frequência anual também estão atrasados.

Ao optar por explicar a redução ao acesso aos dados com um argumento policialesco, o Ibama e o INPE levantam dúvidas sobre a decisão. Ela serve mais para proteger aos chefes no Ministério do Meio Ambiente e no Palácio do Planalto do calor político que causa a destruição da Amazônia . Se subiu ou desceu a cada mês, não importa, o que vale é esperar a taxa “oficial” de desmatamento, anunciada apenas uma vez por ano.

InfoAmazonia

Desde o início do projeto InfoAmazonia há dois anos e meio, nosso objetivo tem sido proporcionar informação de qualidade para facilitar o acompanhamento do público sobre a floresta amazônica. Nosso mapa de desmatamento conta com dados do Deter atualizados sempre que estes são divulgados. Para contornar a divulgação irregular pelo governo de novos dados,  temos utilizado as informações geradas pelo Sistema de Alertas do Desmatamento (SAD), monitoramento independente feito pela ONG Imazon. No mapa abaixo é possível visualizar polígonos de desmatamento até setembro de 2014

 


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