Blog do InfoAmazonia

Mais água de um lado, mais seca de outro
Comentários Comente

InfoAmazonia

Mudanças climáticas terão efeitos diversos ao longo da Bacia Amazônica, indica previsão realizada com base em análises do IPCC

Por Vandré Fonseca (texto e fotos)

As mudanças climáticas vão causar efeitos diferentes e até opostos sobre o volume de águas ao longo da Bacia Amazônica. Apesar de divergências em resultados para regiões específicas, cenários construídos com base em análises do Painel Internacional para Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês) apontam para uma quantidade maior de água nas parte ocidental da Amazônia, enquanto no leste a disponibilidade de água deve diminuir.

Estes resultados estão em um estudo publicado na revista Climate Change. O artigo faz parte da Iniciativa Águas Amazônicas, liderada pela Wildlife Conservation Society (WCS), que está preocupada com a manutenção da conectividade entre os sistemas aquáticos da região, importantes para a sobrevivência de comunidades e da vida silvestre. O estudo contou com a infraestrutura do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Flutuante serve de porto para canoas no interior do Amazonas. Mudanças nos rios podem causar impactos sobre comunidades ribeirinhas. Foto: Vandré Fonseca

Flutuante serve de porto para canoas no interior do Amazonas. Mudanças nos rios podem causar impactos sobre comunidades ribeirinhas

“Percebemos um padrão de aumento de chuvas, vazões máximas e áreas inundadas nos rios que drenam a parte oeste da bacia. E por outro lado, uma projeção de menor disponibilidade hídrica no leste da bacia”, afirmou Rodrigo Cauduro Dias de Paiva, que deu entrevista via internet ao lado do colega Mino Sorribas, ambos da UFRGS, salientando que o estudo demonstrou ainda a existência de muitas incertezas nas projeções.

Continue lendo ➔


Manaus amanhece encoberta por fumaça de queimadas
Comentários Comente

InfoAmazonia

Incêndios florestais e alta temperatura trazem fumaça de volta à capital do Amazonas

Por Síntia Maciel

Com temperatura de 36ºC e sensação térmica de 43º C, conforme dado do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), Manaus amanheceu coberta por uma densa fumaça nesta sexta-feira, 21.

Fumaça preta cobriu Manaus na manhã desta sexta-feira, 21. Foto: Márcio Melo

Fumaça preta cobriu Manaus na manhã desta sexta-feira, 21. Foto: Márcio Melo

“A nuvem de fumaça que amanheceu sobre a cidade nesta sexta-feira é oriunda das queimadas florestais e urbanas e das altas temperaturas. Pelo o que foi verificado pelo observador meteorológico da Rede de Meteorologia da Aeronáutica, entre o horário das 6h às 8h foi registrada uma fumaça, provavelmente de queimadas, na região do aeroporto de Ponta Pelada (Zona Sul)”, informa o meteorologista Gustavo Ribeiro do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Continue lendo ➔


Novo mapa interativo mostra 30 anos de violência contra indígenas no Brasil
Comentários Comente

InfoAmazonia

share-image-1200-630

Mapa interativo CACI permite filtrar casos de ataques contra indígenas por povos, estados e período

Uma compilação de dados dos últimos 30 anos revela que o extermínio de indígenas segue em marcha por todo país. Seja na Amazônia, no Cerrado, remanescentes de Mata Atlântica ou zonas urbanas, 947  índios de etnias diversas foram assassinatos entre 1985 e 2015.  A informação faz parte da nova plataforma do InfoAmazonia: CACI – Cartografia dos Ataques Contra Indígenas.

Organizados em um mapa interativo, os casos de homicídio podem ser filtrados de acordo com os povos, estados e períodos mais atingidos pela violência.  A palavra “caci” também significa dor em guarani.

O projeto, feito em parceria com a Fundação Rosa Luxemburgo e Armazém Memória, representa o primeiro esforço de unir os documentos mais importantes no monitoramento de ataques contra indígenas, os relatórios anuais da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e do Conselho Indigenista Missionário (CIMI).

Ao geolocalizar os crimes no mapa, CACI faz a sobreposição com outras informações cartográficas, como os territórios indígenas, as áreas desmatadas e as hidrelétricas. Como em outros projetos do InfoAmazonia, esta linguagem permite relacionar fatos isolados com transformações ambientais de grande escala.

Para aprofundar o estudo dos casos de violência e revelar tendência, a plataforma também traz quatro dossiês elaborados por Marcelo Zelic, fundador do Armazém Memória e pesquisador da história recente das violações contra povos indígenas no país.

Um dos dossiês detalha o caso do Mato Grosso do Sul, onde, segundo sua avaliação, ocorre um genocídio. ''Um em cada dois assassinatos de indígenas registrados no Brasil entre 2003 e 2014 aconteceu no Mato Grosso do Sul. Estado tem a segunda maior população indígena e pior distribuição de terras'', detalha o texto de Zelic.

No lançamento da plataforma CACI em São Paulo, a liderança guarani-mbya Tiago Honório dos Santos ressaltou que a questão da violência contra indígenas permanece invisível à sociedade brasileira e que os direitos aos territórios não são respeitados.

''Estive em Mato Grosso do Sul visitando os parentes e realidade é bem dura. Hoje, os Guarani-Cayowaá, assim como todos os povos indígenas do Brasil, são vistos como um estorvo ao progresso'', disse o indígena.

Navegue pela plataforma CACI no mapa interativo abaixo ou no endereço – http://caci.rosaluxspba.org/


InfoAmazonia lança mapa do massacre de indígenas no Brasil
Comentários Comente

InfoAmazonia

Captura de tela da plataforma Caci

Captura de tela da plataforma Caci, que será lançada na terça-feira, 11 de outubro

Um debate sobre violações históricas dos direitos indígenas e de resistências será realizado na próxima terça-feira, dia 11 de outubro, em São Paulo. O evento começa às 19h e terá a apresentação da plataforma Cartografia dos Ataques Contra Indígenas (Caci) e da HQ Xondaro, em uma roda de conversa com participação do portal De Olho nos Ruralistas.

A Cartografia dos Ataques Contra Indígenas é um mapa interativo de assassinatos de indígenas no Brasil feito a partir dos registros do Conselho Indigenista Missionário e da Comissão Pastoral da Terra. A visualização, que explicita a constância com que povos originários foram e continuam sendo massacrados no país, foi elaborada a partir dos relatórios publicados pelas duas organizações entre 1985 e 2015. O projeto foi desenvolvido pela Fundação Rosa Luxemburgo, em parceria com Armazém Memória e InfoAmazonia, e está baseado em dados abertos: todas as bases utilizadas poderão ser baixadas na página da plataforma. Caci significa dor em Guarani.

Em todo o período, 947 indígenas foram assassinados no Brasil e 44% eram do Mato Grosso do Sul. Um deles é Semião Fernandes Vilhalva, morto por fazendeiros com um tiro no rosto em 2015 depois do acirramento de disputas no estado resultantes da demora na demarcação de terras indígenas. No mesmo ano, em Santa Catarina, um homem se aproximou de uma criança, acariciou seu rosto e a atacou com um estilete no pescoço, degolando-a.

Continue lendo ➔


Em estado de alerta, municípios do Amazonas são avaliados por Defesa Civil
Comentários Comente

InfoAmazonia

Equipes das Defesas Civil do Estado e Nacional fizeram visitas técnicas a Envira e Lábrea, que integram os leitos dos rios Juruá e do Purus

Por Síntia Maciel

Equipes da Defesa Civil percorreram, no final de setembro, os municípios amazonenses de Envira e Lábrea que são cortados pelos rios Juruá e Purus, respectivamente. As visitas devem gerar um relatório que será publicado nas próximas semanas para avaliar os danos ocasionados pela estiagem que afeta tais regiões. Juntos, os treze municípios que integram as calhas dos dois rios concentram uma população de mais de 63 mil pessoas, de acordo com os números estimados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Defesa Civil não estimou uma data exata para publicação deste relatório.

Tanto Lábrea quanto Envira se encontram em estado de alerta desde o mês de julho por apresentarem problemas de navegabilidade, em virtude da seca dos rios.

Conforme informações do secretário executivo da Defesa Civil do Amazonas, coronel Fernando Pires Júnior, o objetivo da visita técnica foi analisar juntamente com o órgão nacional, a evolução do desastre em municípios prejudicados pelo baixo nível dos rios e constatar as dificuldades enfrentadas pela população durante o período de anormalidade.

Continue lendo ➔


Temperatura deve subir até 5ºC no Amazonas em 25 anos, diz estudo
Comentários Comente

InfoAmazonia

Com dias mais quentes e secos, pesquisa realizada pela Fiocruz em parceria com o Ministério do Meio Ambiente apresenta um panorama desastroso de mudanças climáticas no estado

Por Síntia Maciel

Manaus (AM) – Nesta quarta-feira (14) Manaus registrou uma temperatura média de 34ºC, conforme os termômetros espalhados pela capital amazonense. O tempo quente é comum neste mês de setembro na cidade, mas a ‘capital do mormaço’ deve se acostumar a temperaturas mais próximas dos 40ºC em 25 anos, de acordo com a pesquisa “Vulnerabilidade à Mudança do Clima”, cujos resultados foram divulgados nesta quarta-feira.

Organizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Minas Gerais em parceria com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o estudo vem sendo elaborado desde 2014 e, além do Amazonas, também avalia as mudanças do clima no Maranhão, Paraná, Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Espírito Santo.

Continue lendo ➔


Programa Terra Legal aumenta pressão sobre área indígena não demarcada
Comentários Comente

InfoAmazonia

Por Daniel Santini*

Programa Terra Legal promove ocupação de território do povo Jaminawá no Amazonas. Imagens de satélite indicam que invasões são acompanhadas de aumento do desmatamento

contradi-2

Moradores da aldeia Kaiapuká reclamam de desmatamento, abertura de pastos para gado, caça e pesca predatória . Foto: Rosenilda Nunes Padilha

O Programa Terra Legal, iniciativa de regularização fundiária do governo federal, promoveu a invasão de terras indígenas na fronteira do Amazonas com o Acre, agravando a situação do povo Jaminawá e influenciando no aumento do desmatamento na região. O órgão loteou e incentivou a ocupação de parte da terra indígena Kaiapuká por meio do programa oficial, que conta com apoio do governo alemão pela agência oficial de cooperação, a GIZ, da sigla em alemão para Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit. As informações são parte do relatório ''As contradições da cooperação alemã na Amazônia'', organizado pela Fundação Rosa Luxemburgo em parceria com o Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais.

Continue lendo ➔


Como um índio que protestava por acesso à saúde acabou preso em Santarém?
Comentários Comente

Thiago Medaglia

Para defensora pública, prisão efetuada na semana passada está repleta de irregularidades

Texto e foto de Thiago Medaglia

Indígenas pressionam por liberação de Poró Borari na Justiça Federal, em Santarém (PA). Foto: Thiago Medaglia

Indígenas pressionam por liberação de Poró Borari na Justiça Federal, em Santarém (PA). Foto: Thiago Medaglia

Em março de 2015, uma família de indígenas da etnia Kumaruara saiu da aldeia Alto Solimões, região do Tapajós, no Pará, com suspeita de hepatite. Ao final da longa e cansativa viagem de barco, desembarcaram em Santarém à procura de atendimento médico. Combalidas, as 7 crianças da família – todas elas posteriormente diagnosticadas com hepatite A – não tiveram acesso à ambulância para chegar ao Hospital Municipal de Santarém: dependeram, como não é incomum, do apoio de parentes indígenas residentes na área urbana. Após os primeiros procedimentos no hospital público, as crianças foram liberadas para seguir com o tratamento domiciliar, tendo previsão de retorno em uma semana. Doentes e longe de casa, foram encaminhadas para a Casa de Saúde Indígena (Casai), entidade ligada à Secretaria Especial da Saúde Indígena (Sesai), órgão do Ministério da Saúde. Mas lá não encontraram apoio algum.

A razão, bem conhecida dos brasileiros, é digna de enlouquecer o mais zen dos pajés: eles não constam no sistema. As únicas etnias que, com terras demarcadas, são atendidas na unidade da Casai de Santarém então procurada são os povos Zo’É e WaiWai.

Naquele março de 2015, as crianças Kumaruara acabaram submetidas a uma epopeia que envolveu a busca por carona em deslocamentos, o abrigo na casa de conhecidos e uma campanha de arrecadação de dinheiro feita pelos alunos indígenas da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) para a compra de medicamentos. “E essa é apenas um história… Na verdade, o surto de hepatite no ano passado atingiu crianças de outras três ou quatro aldeias da região do Tapajós”, explica Luana Kumaruara, moradora de Santarém que acompanhou o caso de perto.

Continue lendo ➔


Matt Hansen: conheça o geógrafo que monitora o desmatamento global
Comentários Comente

InfoAmazonia

Professor Matt Hansen:

Professor Matt Hansen, do laboratório GLADS da Universidade de Mayland

por Rollin Hu

Monitorar o estado das florestas do mundo é uma tarefa monumental, com desafios na coleta de dados, sua interpretação e visualização. O projeto Global Forest Change (GFC), desenvolvido pelo professor Matthew Hansen, da Universidade de Maryland, aborda esse problema usando algoritmos para distinguir mudanças na cobertura florestal através de imagens de satélite.

A partir destes dados, o GFC é capaz de exibir as tendências de desmatamento ao longo do tempo. Hansen, um cientista de sensoriamento remoto, com especialização em mapeamento de mudanças no uso do solo, também tem contribuído para outros projetos de vigilância das florestas, como o Global Forest Watch, um monitor online interativo. Para as práticas jornalísticas, em especial o geojornalismo, o trabalho de Hansen fornece mapas altamente detalhados. Esta informação é especialmente importante em lugares onde as florestas estão em risco.

Continue lendo ➔