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A ferro e fogo – uma jornada no rastro dos trilhos da Vale
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Reflexões sobre uma viagem pelo sudeste do Pará no encalço das múltiplas desintegrações cometidas pela maior mineradora do mundo

Texto e fotos originalmente publicados por Verena Glass no site da Fundação Rosa Luxemburgo

Trem da Vale em trecho da ferrovia que corta o assentamento de Palmares, em Parauapebas

Trem da Vale em trecho da ferrovia que corta o assentamento de Palmares, em Parauapebas

Em uma manhã muito quente de agosto, um micro-ônibus deixou Marabá, no Pará, carregado de gente para uma viagem pelo sudeste do estado, no rastro das múltiplas desintegrações – de comunidades, de modos de vida, da sustentação, dos territórios, do trabalho, das matas e da terra – cometidas pela mineradora Vale; e também no rastro dos levantes ao longo dos trilhos que carregam para longe o minério de ferro de Carajás. A chamada Caravana Norte, organizada pela Rede Justiça nos Trilhos (fórum de organizações e movimentos sociais que atua junto a comunidades afetadas pela Vale), percorreu durante cinco dias os interiores de Marabá, Parauapebas, Canaã dos Carajás e Serra Pelada, tecendo uma espécie de fio condutor entre os vários aspectos da presença da Vale na região, que remonta à década de 1970.

Dos macroimpactos socioambientas do Projeto Grande Carajás, que inclui a mina de ferro Carajás no interior da Floresta Nacional (Flona) de mesmo nome, a hidrelétrica de Tucuruí no Pará, e a estrada de ferro que cruza o sudeste paraense e o estado do Maranhão de Cidelândia a São Luís, pouco já não foi falado. O que a Caravana proporcionou, no entanto, foi a configuração de diferentes situações em um quadro global dolorosamente representativo do reverso des-envolvimento patrocinado pela Vale, em um processo continuo de aprofundamento de danos.

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Por que o governo divulga a taxa de desmatamento da Amazônia duas vezes?
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InfoAmazonia

por Stefano Wrobleski

Ministros Aldo Rebelo (MCTI) e Izabella Teixeira (MMA) anunciam o resultado final do Prodes de 2014. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Ministros Aldo Rebelo (MCTI) e Izabella Teixeira (MMA) anunciam o resultado final do Prodes de 2014. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

No último dia 14 de agosto, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) apresentou a taxa de desmatamento oficial e consolidada da Amazônia brasileira entre agosto de 2013 e julho de 2014. No período a floresta perdeu 5.012 quilômetros quadrados – o segundo menor valor desde 1988. O resultado é 3% maior do que o número anunciado em novembro de 2014. A taxa é medida pelo Programa de Monitoramento da Amazônia por Satélites (Prodes).

De acordo com Dalton Valeriano, coordenador do Programa Amazônia do INPE, a diferença entre os números acontece porque os dados apresentados em novembro são resultado de estimativas. Com base na verificação do desmatamento de parte das imagens de satélite do bioma, o INPE avalia a provável quantidade perdida de florestas em toda a Amazônia Legal. “O 3% é um índice maravilhoso, porque o primeiro [número apresentado em 2014] é uma estimativa. O segundo que é realmente o mapa completo”, afirma.

O uso de estimativas oficiais para os dados de desmatamento na Amazônia brasileira começou em 1995, quando o Prodes demorava até um ano e nove meses para ser liberado. A partir daquele ano, a espera pelas indicações de onde e quanto a devastação da floresta havia avançado foi reduzida em um ano, o que facilitaria o direcionamento de verbas públicas no combate ao desmatamento.

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Cientista projeta o fim da Amazônia para o ano de 2260
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Thiago Medaglia

A manutenção do atual ritmo de degradação condena a maior floresta tropical do planeta a durar pouco mais de dois séculos


O mapa acima remove os pixels correspondentes à cobertura florestal ao longo do tempo a partir da média de desmatamento anual da região com base no conjunto de dados Global Forest Change (2000-2012). Os novos desmatamentos são atribuídos de acordo com a distribuição de terras cultiváveis, redes rodoviárias existentes e previstas. Outra perda florestal de 0,3% ao ano é adicionada como uma projeção para o aumento do índice de desmatamento no futuro. O cenário restringe a ocorrência de deflorestação no interior de áreas protegidas. O mapa resultante é uma projeção do ano de  2260, quando grande parte da floresta amazônica estará para sempre perdida. As projeções foram feitas pelo professor Mark Mulligan , do King's College de Londres, a pedido do InfoAmazonia

Ao aplicar um modelo de desmatamento com base nas taxas históricas e em áreas protegidas nas quais a fiscalização é ineficiente, um pesquisador britânico chegou a uma conclusão aterradora: restam pouco mais de dois séculos de vida à Amazônia. Após esse período (245 anos, para ser exato), a clássica imagem do tapete verde formado pela copa das árvores – assim como a imensurável biodiversidade – será apenas uma memória registrada em vídeos e fotos. A floresta, que foi formada ao longo de 50 milhões de anos, vai desaparecer.

Como se não bastasse, há outra constatação preocupante e muito mais imediata. Bem antes de seu fim, a floresta tropical pode deixar de prestar os serviços ecossistêmicos que ajudam a manter a vida no planeta, tais como o sequestro e o armazenamento do carbono (atuantes na regulaçao do clima), a oferta de água, o controle da erosão e outros. Mas como o geógrafo Mark Mulligan, do King's College de Londres, na Inglaterra, chegou a estas conclusões?

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“As áreas protegidas são a melhor ferramenta de conservação que temos em nossa caixa de ferramentas”, diz o pesquisador Mark Mulligan. A Floresta Nacional de Carajás, Pará, Brasil. Foto de Flavio Forner/XIBÉ

Mark, que trabalha na América Latina desde o início dos anos 1990, é um dos criadores de uma ferramenta de mapeamento de serviços ecossistêmicos chamada Co$ting Nature (em português, algo como ''Valorando  a Natureza''). A ferramenta online agrega camadas de dados espaciais nos contextos biofísico e sócio-econômico, além de biodiversidade, serviços ecossistêmicos, pressão antrópica e futuras ameaças. ''Ela executa uma espécie de contabilidade do capital natural e calcula as prioridades de conservação de cada um quilômetro de pixel em uma escala global ou regional'', explica Mark.

Serviço Ecossistêmico – Índice de armazenamento de carbono

Índice de serviços ecossistêmicos de carbono nas plantas e no solo na Amazônia Continental. Em tom alaranjado, as zonas sustentadas por solos de turfa no Peru se destacam. O Brasil é um dos grandes emissores de carbono do planeta e a maior parte de sua contribuição tem origem nas queimadas e no desmatamento ilegal ocorridos na região Norte.

A ferramenta, que é um recurso técnico valioso usado por pesquisadores em mais de 1000 organizações em 141 países, já foi aplicada em escala local e nacional em muitos lugares do mundo. Um dos exemplos é o do povoamento colombiano de Gramalote – talvez o primeiro caso no mundo em que uma cidade é inteiramente planejada do zero a partir de critérios de capital natural, tendo o suporte tecnológico de ferramentas como Co$sting Nature.

A reportagem completa, realizada pela equipe do InfoAmazonia, conta com dados e visualizações exclusivas e pode ser acompanhada no endereço: costingnature.infoamazonia.org


Depois do Brasil, Peru lidera desmatamento da Amazônia
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InfoAmazonia

por Stefano Wrobleski

O Peru encerrou 2014 com 112,8 mil hectares a menos de floresta amazônica em relação a 2013. A perda representa 0,15% da cobertura do bioma no país e fez a nação ficar na liderança dos desmatadores entre os oito países que, além do Brasil, dividem a Amazônia. Os dados são do projeto Terra-i, iniciativa de cinco organizações de pequisa que mapeia alterações da cobertura vegetal em tempo “quase real” na América Latina. O desmatamento brasileiro oficial em 2014 foi quatro vezes maior, de 480 mil hectares.

A região mais atingida é Loreto, que fica no nordeste do país e concentrou 49 mil hectares de desmatamento – ou 44% do total no Peru. “Há bastante desmatamento de tamanho industrial para cultivos”, explica Louis Reymondin, analista de dados do Terra-i. Enquanto o norte da região, onde nasce o Rio Amazonas, é dominado pelo plantio de cacau, no sul a devastação é causada principalmente por plantações de dendê.

Fazenda de produção de óleo de palma próximo a Yurimaguas, em Loreto. Foto: Terra-i

Fazenda de produção de óleo de palma próximo a Yurimaguas, em Loreto. Foto: Terra-i


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A ciência engajada na preservação da Amazônia
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Texto originalmente publicado por Vandré Fonseca no OEco

Floresta Estadual de Trombetas faz parte da Calha Norte Paraense. A criação do mosaico de Unidades de Conservação, Quilombos e Terras Indígenas com cerca de 12 milhões de hectares contou com estudos do Imazon. O instituto continua a atuar na região. Foto: David Alves/Arquivo Agência Pará.

Floresta Estadual de Trombetas faz parte da Calha Norte Paraense. A criação do mosaico de Unidades de Conservação, Quilombos e Terras Indígenas com cerca de 12 milhões de hectares contou com estudos do Imazon. O instituto continua a atuar na região. Foto: David Alves/Arquivo Agência Pará.

Manaus, AM — Julho é aniversário do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), uma organização não governamental criada em 1990 para fazer pesquisas que ajudem a proteger a floresta e melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem nela. São vinte e cinco anos, desde os primeiros estudos sobre o manejo florestal de baixo impacto, às contribuições que ajudaram na criação de mais de 20 milhões de hectares de Unidades de Conservação na Amazônia, até a criação de um sistema próprio que monitora o desmatamento na Amazônia.

As conversas e preparativos para a fundação do Imazon começaram em 1988. Era uma época de grande pressão ambiental e social sobre a região, com desmatamento acelerado e poucos estudos sobre as transformações da paisagem. Nesse ambiente de crise, o ecólogo americano Christopher Uhl, então pesquisador visitante da Embrapa, viu uma oportunidade de servir à Amazônia.

A criação contou com a parceria de Adalberto Veríssimo e Paulo Barreto, hoje pesquisadores seniores do Imazon, e David McGrath, que se tornou professor na Universidade Federal do Pará (UFPA) e pesquisador Associado do Instituto de Pesquisas da Amazônia (IPAM). Ao longo de duas décadas e meia, segundo o site do instituto, o Imazon publicou 642 trabalhos técnicos, dos quais 193 conquistaram páginas de revistas científicas internacionais. Foram publicados também 71 livros e 26 livretos.

A produtividade e repercussão dos trabalhos do Imazon levaram o instituto a figurar este ano, pela primeira vez, no ranking dos 100 melhores centros de estudos estratégicos independentes sobre economia e política de Mudanças Climáticas do mundo, preparada pelo International Center for Climate Governance (ICCG). O instituto figura na 66a posição na análise per-capita, ou seja, que leva em consideração o número de pesquisadores, e 53a na absoluta.

“Nosso esforço é fazer o homem ver que a floresta traz benefícios com os serviços ecossistêmicos e que, se explorada de forma adequada, ela pode contribuir para ganhos econômicos”, afirma a bióloga Andréia Pinto, diretora executiva do Imazon. “Proteger a floresta sem o homem não vai trazer um futuro sustentável”.

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Tribo amazônica cria enciclopédia de medicina tradicional com 500 páginas
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Texto originalmente publicado por Jeremy Hance no Mongabay

Em uma das grandes tragédias da nossa era, tradições, histórias, culturas e conhecimentos indígenas estão desfalecendo em todo o mundo. Línguas inteiras e mitologias estão desaparecendo e, em alguns casos, até mesmo grupos indígenas inteiros estão em processo de extinção. Isto é o que chama a atenção para uma tribo na Amazônia – o povo Matsés do Brasil e do Peru –, que criou uma enciclopédia de 500 páginas para que sua medicina tradicional seja ainda mais notável. A enciclopédia, compilada por cinco xamãs com a ajuda do grupo de conservação Acaté, detalha cada planta utilizada pelos Matsés como remédio para curar uma enorme variedade de doenças.

O xamã Matsés chamado Cesar. Foto: cortesia da Acaté

O xamã Matsés chamado Cesar. Foto: cortesia da Acaté

“A [Enciclopédia de Medicina Tradicional Matsés] marca a primeira vez que xamãs de uma tribo da Amazônia criaram uma transcrição total e completa de seu conhecimento medicinal, escrito em sua própria língua e com suas palavras”, disse Christopher Herndon, presidente e co-fundador da Acaté, em uma entrevista para o Mongabay (na íntegra abaixo).

Os Matsés imprimiram sua enciclopédia só em sua língua nativa para garantir que o conhecimento medicinal não seja roubado por empresas ou pesquisadores, como já aconteceu no passado. Em vez disso, a enciclopédia pretende ser um guia para a formação de jovens xamãs, para que eles possam obter o conhecimento dos xamãs que viveram antes deles.

“Um dos mais renomados e antigos curandeiros Matsés morreu antes de que seu conhecimento pudesse ser transmitido, então o momento era este. A Acaté e a liderança Matsés decidiram priorizar a enciclopédia antes de perder mais anciãos e seus conhecimentos ancestrais”, disse Herndon.

A Acaté também iniciou um programa para conectar os demais xamãs Matsés com jovens estudantes. Através deste programa de orientação, os indígenas esperam preservar seu modo de vida como o fizeram durante séculos.

“Com o conhecimento de plantas medicinais desaparecendo rapidamente entre a maioria dos grupos indígenas e ninguém para escrevê-los, os verdadeiros perdedores no final são tragicamente os próprios atores indígenas”, disse Herndon. “A metodologia desenvolvida pelos Matsés e pela Acaté pode ser um modelo para outras culturas indígenas protegerem seus conhecimentos ancestrais”.

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Rede InfoAmazonia cria o “Mãe d’Água” para monitorar a qualidade d’água
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InfoAmazonia

Desenvolvido pelo Rede InfoAmazonia. http://infoamazonia.org

Protótipo desenvolvido pelo Rede InfoAmazonia.

O projeto Rede InfoAmazonia está desenvolvendo um hardware aberto de monitoramento de qualidade da água em tempo real, batizado como “Mãe d’Água”, que será instalado em comunidades e cidades ribeirinhas, inicialmente na Amazônia brasileira.

O objetivo do projeto é detectar variações em parâmetros de medição de qualidade da água, que indicam a existência de possíveis contaminantes que estão presentes no esgoto, ou substancias tóxicas industriais e metais pesados que a contaminam. O aparelho, que está na etapa de homologação, será capaz de ajudar a deduzir, com precisão, variáveis físico-químicas que ajudam a distinguir uma água potável da água contaminada.

O dispositivo tem as possibilidades de medir a acidez da água pelo potencial hidrogeniônico (pH), potencial de redução da oxidação (ORP), condutividade elétrica, temperatura da água e pressão barométrica no nível da água, variáveis que auxiliam na inferência da qualidade da água para consumo humano.

''Hardware aberto é um dispositivo eletrônico criado em base à
combinação de componentes básicos e a colaboração e
intercâmbio de conhecimentos''

 

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Pescadores da Amazônia já falam em impactos das alterações climáticas
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Thiago Medaglia

''Em qual universidade você se formou?''. A pergunta era inevitável nas rodas de conversa entre os pesquisadores do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), no Amazonas. Ruiter Braga, 41 anos, nascido à beira do rio, filho de pescador, respondia um tanto sem graça: ''Na universidade da prática''. Foi assim durante muito tempo, mas não é mais. Ruiter, agora, é biólogo.

''Falta apenas uma disciplina'', frisa o Técnico no Programa de Manejo de Pesca do IDSM. ''As viagens interferiram nos estudos'', ele complementa. Ruiter ainda relata que a busca por uma formação acadêmica veio por incentivo de alguns biólogos do IDSM. ''Foi difícil. Eu tinha terminado o ensino médio há 14 anos, mas consegui'', diz o biólogo prestes a ser graduado pela Universidade Estadual do Estado do Amazonas.

Quem já esteve na Amazônia sabe que, aos olhos urbanos, a vastidão de árvores e rios parece muitas vezes homogênea. Por isso mesmo, a leitura do ambiente feita pelos caboclos é impressionante. Capazes de distinguir minúcias imperceptíveis aos visitantes, eles conseguem apontar os pontos em um leito escuro de rio que podem custar ou não a vida do banhista (por causa dos agressivos jacarés-açu); os pescadores, desde sempre, souberam indicar os melhores locais para a pesca e a época adequada para as capturas.

A captura do pirarucu no Médio Solimões foi prejudicada pela irregularidade das chuvas em 2014. Foto: Amanda Lelis / IDSM

Mas agora, diante de um clima cada vez mais irregular, algumas ''das previsões baseadas no conhecimento tradicional dos ribeirinhos não são mais confiáveis'', afirma Ruiter. E é justamente por aliar o conhecimento ancestral com a fundamentação científica, que suas falas sobre a floresta devem ser ouvidas. Na entrevista a seguir, Ruiter compartilha percpeções do interior da Amazônia sobre os impactos das alterações climáticas.

É um biólogo dando voz aos pescadores. Ou um pescador compartilhando o drama de seus pares.

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Gestão territorial na Panamazônia: processos em direção à sustentabilidade
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Giovanny Vera

Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, foi a sede do Encontro Internacional “Rumo a uma Gestão Territorial Sustentável: Conceitos, Experiências e Visões da Panamazônia”, com a participação de mais de 100 líderes da Panamazônia, nos dias 16, 17 e 18 deste mês.

Encontro reuniu organizações pela sustentabilidade da Panamazônia e Chaco (Foto: Giovanny Vera)

Encontro reuniu organizações pela sustentabilidade da Panamazônia e Chaco (Foto: Giovanny Vera)

O evento se converteu em um espaço de diálogo e intercâmbio de experiências entre os assistentes, promovendo novas articulações para o desenvolvimento sustentável na região. De acordo com uma nota dos organizadores, um dos objetivos foi contribuir na construção de visões de futuro para a gestão territorial na Panamazônia, e o fomento de coordenação e interação entre as partes interessadas desde diferentes áreas e biomas.

Desta forma, participaram mais de 100 representantes de governos locais e regionais da Panamazônia e Chaco, da sociedade civil, empresas e universidades, associações, grupos indígenas e organizações. Os presentes apresentaram suas experiências no processo de gestão territorial desde suas próprias visões e formas, comentou Karina Pinasco, da organização Amazônicos pela Amazônia (AMPA) do Peru, que promoveu o encontro.

Segundo ela, nas experiências mostradas durante o evento, buscou-se “trabalhar na gestão de nosso território de maneira sustentável (…) e mostrar que não são experiências isoladas, e sim intimamente articuladas”, promovendo o planejamento ordenado de cada região com objetivos sustentáveis frente às ameaças.

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Unidades de Conservação mais desmatadas são vizinhas das grandes obras
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InfoAmazonia

Texto originalmente publicado no site ((o))eco

Foto: Imazon

Foto: Imazon

Embora essenciais na luta contra o avanço do desmatamento, 10% do total de florestas derrubadas entre agosto de 2012 e julho de 2014 ocorreu dentro de Unidades de Conservação. Nesse período, foram destruídos 1,5 milhões de hectares na Amazônia, quase 10 vezes o tamanho da cidade de São Paulo.

De acordo com estudo do Imazon divulgado esta semana, apenas nas áreas localizadas dentro das Unidades de Conservação foram desmatados 158,4 mil hectares. Isto corresponde a um terreno um pouco maior que a cidade de São Paulo, que tem 152,1 mil hectares. No total, 160 UCs foram afetadas. O estudo focou em 50 dessas unidades, consideradas críticas justamente por concentrarem 96% da perda florestal ocorrida no período.

Os motivos que levam as unidades a serem alvo fácil de desmatadores são conhecidos: falhas na implementação das áreas somadas com aumento da pressão externa sobre essas unidades. Ser vizinha de grandes obras de infraestrutura, como hidrelétricas e rodovias, facilita o acesso e aumenta o interesse de grileiros, madeireiros e outros grupos interessados em invadir áreas protegidas, principalmente se a vigilância for quase nula.

Não tirar unidades de conservação do papel custa caro para o meio ambiente. É nas áreas sem plano de manejo, sem conselho gestor, sem dinheiro e sem servidores que ocorreram a maior parte (81%) da destruição das UCs críticas.

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Tags : imazon