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InfoAmazonia lança mapa do massacre de indígenas no Brasil

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Captura de tela da plataforma Caci

Captura de tela da plataforma Caci, que será lançada na terça-feira, 11 de outubro

Um debate sobre violações históricas dos direitos indígenas e de resistências será realizado na próxima terça-feira, dia 11 de outubro, em São Paulo. O evento começa às 19h e terá a apresentação da plataforma Cartografia dos Ataques Contra Indígenas (Caci) e da HQ Xondaro, em uma roda de conversa com participação do portal De Olho nos Ruralistas.

A Cartografia dos Ataques Contra Indígenas é um mapa interativo de assassinatos de indígenas no Brasil feito a partir dos registros do Conselho Indigenista Missionário e da Comissão Pastoral da Terra. A visualização, que explicita a constância com que povos originários foram e continuam sendo massacrados no país, foi elaborada a partir dos relatórios publicados pelas duas organizações entre 1985 e 2015. O projeto foi desenvolvido pela Fundação Rosa Luxemburgo, em parceria com Armazém Memória e InfoAmazonia, e está baseado em dados abertos: todas as bases utilizadas poderão ser baixadas na página da plataforma. Caci significa dor em Guarani.

Em todo o período, 947 indígenas foram assassinados no Brasil e 44% eram do Mato Grosso do Sul. Um deles é Semião Fernandes Vilhalva, morto por fazendeiros com um tiro no rosto em 2015 depois do acirramento de disputas no estado resultantes da demora na demarcação de terras indígenas. No mesmo ano, em Santa Catarina, um homem se aproximou de uma criança, acariciou seu rosto e a atacou com um estilete no pescoço, degolando-a.

Todos estes dados e casos estão, agora, georreferenciados. A ideia de organizar em um mapa registros de assassinatos de indígenas no Brasil é visibilizar a quantidade e constância com que povos originários foram e continuam sendo massacrados. É a primeira vez que as informações foram sistematizadas e georreferenciadas em uma visualização que permite olhar os casos em sua dimensão territorial.

Além de georreferenciar e disponibilizar os dados, também foram organizados quatro dossiês com análises aprofundadas sobre casos emblemáticos. Eles combinam informações reunidas em arquivos históricos com os dados dos mapas. O resultado trouxe, por exemplo, histórias sobre como os limites de uma terra indígena no Amazonas foi modificada ao longo dos anos pela ditadura militar para atender aos interesses de uma mineradora ou sobre o assassinato em massa do povo Guarani Kaiowá no Mato Grosso do Sul.

O lançamento da Caci será realizado na próxima terça-feira, dia 11 de outubro, a partir das 19h no Ateliê do Gervásio, que fica na Rua Conselheiro Ramalho, 945, Bela Vista, em São Paulo. O acesso à plataforma pode ser feito pelo endereço caci.rosaluxspba.org

Aquarela HQ Xondaro

Aquarela da HQ Xondaro, que também será apresentada no evento

Na ocasião, será apresentada também a HQ Xondaro, que foi produzida pela Fundação Rosa Luxemburgo e publicada pela Editora Elefante com apoio da Comissão Guarani Yvyrupa, organização indígena autônoma que congrega os povos guarani do Sul e Sudeste do Brasil. Em 60 páginas, as aquarelas de Vitor Flynn retratam cenas da mais recente onda de manifestações dos Guarani Mbya pela demarcação de suas terras na cidade de São Paulo: o fechamento da Rodovia dos Bandeirantes, a ocupação do Monumento às Bandeiras e a intervenção na cerimônia de abertura da Copa do Mundo de 2014. Xondaro é uma ótima introdução à luta indígena para leitores de todas as idades.

 

Apresentação da plataforma CACI e da HQ Xondaro

Evento gratuito e aberto – (confira no Facebook)


Data: 11/10/2016, terça-feira
Horário: 19h
Local: Ateliê do Gervásio
Endereço: Rua Conselheiro Ramalho, 945 – Bela Vista, São Paulo, SP (mapa)

Debatedores:
– 
Gustavo Faleiros, InfoAmazonia
– Marcelo Zelic, Armazém Memória
– Tiago Santos, liderança Guarani Mbya

Mediação:
– Alceu Castilho, De Olho nos Ruralistas
– Ana Rüsche, Fundação Rosa Luxemburgo