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Arquivo : novembro 2016

Trump afirma ter “mente aberta” para questão climática. Dá para acreditar?
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Declaração dada ao New York Times nesta terça-feira, 22, contraria tudo o que o presidente eleito dos Estados Unidos falou durante a campanha sobre o clima

Por Vandré Fonseca

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, finalmente falou sobre o Acordo de Paris. É a primeira vez que toca no assunto desde que foi eleito, em 8 de novembro. “Eu estou olhando de muito perto. Eu tenho uma mente aberta para isto”, afirmou durante uma conversa com editores e repórteres do New York Times, na tarde desta terça-feira.

Presidente eleito dos EUA tem "mente aberta" para Acordo de Paris. Foto: Gage Skidmore/Flickr

Presidente eleito dos EUA tem “mente aberta” para Acordo de Paris. Foto: Gage Skidmore/Flickr

Embora as duas frases não esclareçam muita coisa, já soam melhor do que a promessa feita algumas horas antes, em pronunciamento divulgado no YouTube, em que fala de planos para os 100 primeiros dias de governo. No vídeo, o futuro presidente americano afirmou que vai suspender restrições à produção de energia por queima de carvão ou gás de xisto para gerar empregos “bem remunerados” para os americanos.

O argumento de que o excesso de regulação aos combustíveis fósseis tem contribuído com o desemprego nos EUA é, aliás, contraditório, já que a queda no preço desses combustíveis é o que tem sido apontada como responsável pelo corte de empregos no setor no país.

Com a promessa, Trump aumentou as expectativas de que as metas de Barack Obama em reduzir as emissões americanas em 30% até 2025, como parte do Acordo de Paris, estão indo para além da estratosfera.

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O senhor do Rio Negro
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Há 30 anos medindo voluntariamente o nível do Rio Negro em Manaus, Valderino Pereira é referência no que faz

Por Síntia Maciel

Na régua, Valderino Pereira mede o nível do Rio Negro há mais de 30 anos. Foto: Gustavo Faleiros

Na régua, Valderino Pereira mede o nível do Rio Negro há mais de 30 anos. Foto: Gustavo Faleiros

Falar da medição do Rio Negro é falar de Valderino Pereira da Silva, de 67 anos. Figura simpática e de riso fácil, o homem que há mais de 30 anos realiza a medição diária do nível do Rio Negro tem a responsabilidade de aferir e anotar a leitura hidrográfica, em uma régua posicionada na área portuária de Manaus e na qual constam todas as marcas das enchentes e vazantes a partir de 1902, quando o serviço começou a ser realizado. O trabalho de Valderino serve de base para que diversos órgãos estaduais e municipais e empresas de navegação adotem as suas medidas para navegação e previsão de situações de impacto à população.

Responsável também por toda a manutenção do porto, Valderino conta que começou a trabalhar no local como auxiliar de serviços gerais. “Mas, ao longo dos anos, fui ocupando outras funções: ajudante de pedreiro, carpinteiro, pintei boias ou tirei ferrugem delas no meio do rio. Quando me formei em técnico de edificações pela antiga Escola Técnica [hoje Instituto Federal do Amazonas] fui estagiar no setor de engenharia, na década de 70. Foi quando comecei a aprender a fazer a medição hidrográfica, no porto. Havia um rapaz, o José Cavalcante Paiva, que era o responsável por esse serviço. Quando ele tirava férias, era eu quem assumia. Mas, em nenhum momento imaginei que um dia estaria com a responsabilidade que tenho hoje. Tudo foi acontecendo naturalmente”, declara o engenheiro civil, curso que ele fez na Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e onde se formou em 1998, 12 anos após ser aprovado.

“Foi uma época muito complicada, pois vinha trabalhar e tinha que sair correndo para assistir aula no campus. Houve dias em que pensei em desistir, em jogar tudo para o alto, mas batalhando e com o apoio da família, amigos e de algumas pessoas daqui, consegui concluir o curso”, relata ele.

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Especialista vê com preocupação inserção do Brasil no mercado de carbono
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Por Daniel Santini

No último dia 4 de novembro, entrou formalmente em vigor o Acordo de Paris, aprovado na 21ª Conferência da ONU sobre o Clima, há cerca de um ano. O texto, ratificado pelo Brasil em 12 de setembro, estabelece como uma de suas bases a métrica “carbono” como unidade de medida para a economia internacional. Trata-se de um passo importante na estruturação de um mercado internacional em que empresas, países e regiões poderão justificar poluição, desmatamento, contaminação e destruição ambiental por meio de créditos ambientais adquiridos em zonas distantes. Agora, as negociações para aprofundar e detalhar o modelo devem prosseguir na 22ª edição da Conferência, que acontece até o dia 18 de novembro em Marraqueche, no Marrocos.

Michel Temer anuncia ratificação do Acordo de Paris. Para especialista, com afastamento de Dilma Rousseff, governo federal deve acelerar inserção do Brasil no comércio internacional de carbono. Foto: EBC

Michel Temer anuncia ratificação do Acordo de Paris. Para especialista, com afastamento de Dilma Rousseff, governo federal deve acelerar inserção do Brasil no comércio internacional de carbono. Foto: Beto Barata/PR

As bases estabelecidas até o momento são polêmicas. Se parte dos ambientalistas, movimentos sociais e acadêmicos que acompanham o debate elogiam as metas estabelecidas de redução de emissões e a preocupação declarada com o meio ambiente em meio às mudanças climáticas, outros fazem críticas às soluções delineadas, que contemplam políticas de economia verde, baseadas justamente no comércio de créditos de carbono. Entre as organizações que acompanham de perto a aplicação prática de tais iniciativas, está o Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais (ou WRM, da sigla em inglês World Rainforest Moviment), que, no Brasil, estuda os impactos de projetos implementados no Acre, incluindo aí os modelos de Redução de Emissões de Desmatamento e Degradação Florestal, os chamados REDD, e outras modalidades de compra e venda de serviços ambientais. 1396


Mais água de um lado, mais seca de outro
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Mudanças climáticas terão efeitos diversos ao longo da Bacia Amazônica, indica previsão realizada com base em análises do IPCC

Por Vandré Fonseca (texto e fotos)

As mudanças climáticas vão causar efeitos diferentes e até opostos sobre o volume de águas ao longo da Bacia Amazônica. Apesar de divergências em resultados para regiões específicas, cenários construídos com base em análises do Painel Internacional para Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês) apontam para uma quantidade maior de água nas parte ocidental da Amazônia, enquanto no leste a disponibilidade de água deve diminuir.

Estes resultados estão em um estudo publicado na revista Climate Change. O artigo faz parte da Iniciativa Águas Amazônicas, liderada pela Wildlife Conservation Society (WCS), que está preocupada com a manutenção da conectividade entre os sistemas aquáticos da região, importantes para a sobrevivência de comunidades e da vida silvestre. O estudo contou com a infraestrutura do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Flutuante serve de porto para canoas no interior do Amazonas. Mudanças nos rios podem causar impactos sobre comunidades ribeirinhas. Foto: Vandré Fonseca

Flutuante serve de porto para canoas no interior do Amazonas. Mudanças nos rios podem causar impactos sobre comunidades ribeirinhas

“Percebemos um padrão de aumento de chuvas, vazões máximas e áreas inundadas nos rios que drenam a parte oeste da bacia. E por outro lado, uma projeção de menor disponibilidade hídrica no leste da bacia”, afirmou Rodrigo Cauduro Dias de Paiva, que deu entrevista via internet ao lado do colega Mino Sorribas, ambos da UFRGS, salientando que o estudo demonstrou ainda a existência de muitas incertezas nas projeções.

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