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Arquivo : outubro 2015

Quase concluída, Belo Monte mudará o pulso das águas do Xingu
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Gustavo Faleiros

Cobalto

Cobalto, pescador da Ilha da Fazenda: preocupado com o fim das cheias na Volta Grande do Xingu. Foto Gustavo Faleiros

Agostinho, juruna da aldeia Muratu. Cobalto, ribeirinho da ilha da Fazenda. Ambos nascidos e vividos na Volta Grande do Xingu. Pescadores não muito chegados à prosa, já na casa dos 70, eles conhecem cada braço, cotovelo e largo deste trecho do rio. Enquanto remam com a força de canoeiros experientes, revelam a preocupação com o futuro. “Aqui ó, é igarapé. Quando enche o rio, os peixes entram para comer fruta”, aponta um para a barranca seca do rio. “E quando o rio não encher mais, como vai ser?”, questiona o outro. Quase concluída, a usina de Belo Monte mudará o pulso do Xingu. Como pescar sem cheias? Como navegar o rio seco?

Quando sentaram à proa lado lado para remar, os velhos pescadores comentaram com cumplicidade. “A gente já anda por aqui faz tempo, né?”, disse Agostinho. “É” , concordou Cobalto. Talvez uma maneira de assegurar que o Xingu ainda pareça o que sempre foi: um dos rios com maior biodiversidade do país, onde vivem 24 etnias indígenas.

Mas nos últimos 5 anos,  os dois viram a barragem de Belo Monte erguer-se a poucos quilômetros de suas vilas e aldeias. Ao contrário dos colegas que vivem à montante da barreira, não foram removidos ou receberam largas compensações da Norte Energia, empresa que constroi, no norte do Pará, a terceira maior hidrelétrica do mundo. Eles não foram reconhecidos ou cadastrados como “vítimas” de Belo Monte.

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