Manaus amanhece encoberta por fumaça de queimadas
InfoAmazonia
Incêndios florestais e alta temperatura trazem fumaça de volta à capital do Amazonas
Por Síntia Maciel
Com temperatura de 36ºC e sensação térmica de 43º C, conforme dado do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), Manaus amanheceu coberta por uma densa fumaça nesta sexta-feira, 21.
“A nuvem de fumaça que amanheceu sobre a cidade nesta sexta-feira é oriunda das queimadas florestais e urbanas e das altas temperaturas. Pelo o que foi verificado pelo observador meteorológico da Rede de Meteorologia da Aeronáutica, entre o horário das 6h às 8h foi registrada uma fumaça, provavelmente de queimadas, na região do aeroporto de Ponta Pelada (Zona Sul)”, informa o meteorologista Gustavo Ribeiro do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Segundo o meteorologista, a ocorrência de chuvas na capital nos próximos dias poderá evitar uma nova ocorrência do fenômeno, uma vez que elas ajudam a dissipar as nuvens de fumaças. Entretanto, de acordo com informações do site do CPTEC, a previsão de chuvas para o Amazonas varia de possibilidade de chuvas (30%) a chuvas de curta duração (97%), entre este sábado (22) e a próxima quinta-feira (26). Ainda segundo as informações do site do CPTEC, a temperatura ao longo da semana pode variar de 35º C, no sábado a 34ºC, na quinta-feira.
Mesmo com o céu encoberto por fumaça, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o fenômeno não comprometeu a operação do aeroporto internacional Eduardo Gomes, localizado no bairro Tarumã, na zona oeste da cidade, onde foi verificada uma grande concentração da massa de ar.
Em 2015, o mesmo fenômeno foi registrado durante o mês de outubro na capital amazonense. Na época, a fumaça chegou a fazer com que as operações do aeroporto internacional de Manaus ocorreram por meio de instrumentos, devido à pouca visibilidade em alguns trechos da capital.
Origem
Procurada para falar sobre a ocorrência da fumaça nesta sexta-feira, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) informou que a fumaça que encobriu Manaus pela manhã é o resultado dos focos de calor registrado nos municípios vizinhos à capital, associado aos focos localizados em algumas partes da cidade. De acordo com a Sema, nos últimos dias foram registrados 57 focos de calor em 13 municípios, só em Maués – distante a 356 quilômetros de Manaus – foram verificados 14 focos.
Segundo o órgão, a fumaça foi trazida para Manaus por ventos de norte e noroeste, no período da noite e madrugada, o que fez com que o fenômeno fosse observado de forma mais intensa no início da manhã. A Sema informou ainda que a umidade relativa do ar para Manaus atingiu um nível baixo, de 36%. Aliado às altas temperaturas, este foi um dos fatores que influenciaram a chegada das espessas nuvens de fumaça.
Veja abaixo, em vermelho, os focos de incêndio detectados pela Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, na região de Manaus nesta sexta-feira, 21, ou confira os dados na plataforma WorldView da agência.
Operação
Em julho deste ano, o Instituto de Proteção Ambiental do Estado do Amazonas deu início à campanha “Diga não ao fogo – Você também é responsável”, na tentativa de combater a ocorrência de queimadas no interior do Amazonas, como ocorreu em 2015. De acordo com o órgão, até esta sexta-feira (21), a iniciativa havia alcançado 20 municípios amazonenses e beneficiado 8.426 famílias.
Segundo o órgão, o objetivo da campanha é sensibilizar a população a reduzir os focos de queimadas e consequente fumaça, que são riscos à saúde humana e causam impactos negativos ao meio ambiente.
Durante a ação, são realizadas palestras para a comunidade e abordagens nas áreas urbanas e rurais com os líderes comunitários, professores, estudantes e representantes de instituições públicas e privadas, com distribuição de material educativo. São afixados cartazes nas feiras, empreendimentos comerciais, escolas e instituições governamentais e não-governamentais.
Fenômeno repete 2015 |
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Os focos de queimadas em Manaus e no entorno da capital contribuíram, juntamente com a ausência de chuvas, para que a cidade amanhecesse encoberta por uma densa camada de fumaça no dia 1º de outubro de 2015, conforme explicações dadas na ocasião por especialistas do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). O fenômeno foi se intensificando ao longo do mês, causando alguns contratempos pela cidade, como a dispensa de alunos em algumas escolas e o aumento de crianças e adultos nas unidades de saúde, que passaram mal.Ainda naquela ocasião, de acordo com as explicações dadas à época pelo pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Antônio Ocimar Manzi, doutor em física da atmosfera, se as queimadas continuassem e os ventos noturnos fossem favoráveis, outros episódios iguais aconteceriam durante o período seco. |
Veja mapa interativo de queimadas