Tendência de alta se consolida para desmatamento na Amazônia
Gustavo Faleiros
Novos dados da organização não governamental Imazon confirmam que após uma década de tendência de redução, o desmatamento está voltando a crescer na Amazônia brasileira.
Segundo o Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD), que faz medições independentes às do governo, entre agosto de 2013 e julho de 2014, 2044 KM2 de floresta sofreram corte raso na Amazônia Legal, representando um aumento de 2% em comparação com os 12 meses anteriores.
O aumento pode parecer pequeno frente aos gigantescos desmates ocorridos nos anos 80 e 90, porém ocorre pelo segundo ano consecutivo.
Já no biênio anterior (agosto 2012 e julho 2013), a taxa oficial do Projeto de Monitoramento da Amazônia por Satélites (PRODES) do governo federal havia indicado alta de 28%.
A consolidação de tendência de alta atinge a principal bandeira ambiental do governo Dilma. A queda do desmatamento, que desde 2005 soma 22 mil KM2, permite ao Brasil mostrar liderança em em conferências internacionais sobre meio ambiente.
Mapa do desmatamento em torno da BR 163 (Cuiabá-Santarém) – Dados Imazon-SAD
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Código Florestal ou PAC?
Definir razões para a reversão do ciclo virtuoso na Amazônia ainda depende de análises aprofundadas. No ano passado, a alta ocorreu logo após a mudança nas regras do Código Florestal. Mas é difícil encontrar informações que apontem uma relação direta entre os dois fatos.
Outro dado que chama atenção no relatório do Imazon é a liderança do município de Altamira, Pará, entre aqueles que mais desmatam.
Ali é onde se contrói o principal projeto do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), a hidrelétrica de Belo Monte
As medições feitas pelo governo federal ainda demoram meses para sair. O INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) utiliza imagens de satélite de maior resolução que o Imazon. Mas o alerta da ONG deve ser confirmado.
Em entrevista ao site O Eco, coordenador da pesquisa do Imazon, disse que embora existam diferenças entre as duas avaliações, as tendências de aumento em baixa têm se provado corretas.
''Os números do Imazon não podem ser desqualificados por se tratarem de alertas baseados em imagens menos precisas'', afirmou Souza. ''São bons indicadores de tendência e devem ser levados a sério para tentar reagir rápido ao aumento e freá-lo''.